sábado, 17 de janeiro de 2009

brasil, o país do futebol alemão


Pronto. A partir de quarta-feira não vou mais precisar me entreter, quando chegar em casa, com jogos de dardos, ludo, xadrez, dama e pera-uva-maça-ou-salada-mista para matar o tempo que me resta de vida. A partir de quarta-feira, terei de volta os jogos do Paulistão. Como no ano passado, começa travestido de empolgação. Corinthians manteve um belo time, embalado, confiante, com moral entre os torcedores que viram no time de Mano Menezes um baluarte da luta contra o atoleiro. O Santos parece mais forte do que há um ano. Trouxe o Lucio Flávio, deve se livrar do Kleber e repatriar o Léo, e tem tudo para resolver a vida com o experiente Roni e o encapetado Kleber Pereira na frente. O Palmeiras chega em queda livre. Mais duas rodadas no Brasileiro e não assegurava vaga nem na Sul-Americana. Mas chega vivo, com esperanças depositadas no Keirrison, mais jovens candidato a craque do país, e na possibilidade de o Diego Souza, enfim, deslanchar e atuar por mais de três jogos seguidos com desempenho pelo menos razoável. Um Diego Souza inteiro, o que o time não teve até agora, é ainda melhor que metade da legião de meio-campistas do país. E, de repente, os meninos recém-chegados, como o Willians e o Marquinhos, podem estourar. Fato é que 2009 já começa com cara de São Paulo. A impressão é que 2005 não acabou, e que desde então só um milagre é capaz de fazer o clube ficar sem taça durante toda a temporada. Ano passado o time, embalado pelo bi no Brasileiro, veio com Adriano e fez miséria. Por pouco não afundou o Palmeiras – não fosse aquele pênalti no Lenny... – e por um segundo não seguiu adiante da Libertadores antes de engatar a terceira marcha rumo ao tetracampeonato. É aí que a história se repete: o time entra sem moral no Brasileiro, vai levando, levando e pá. Até a penúltima rodada já se sabe quem vai ser o campeão. Só que o caldo é montado agora, nessa época do ano. É quando o Muricy junta a tropa de matemáticos e monta a sopa, coloca um pouco de desdém na panela, um tempero de preguiça, põe o brilho, o coração e a empolgação pra secar – e evaporar – e está lá um time pronto pra ser campeão, com direito àquele jeitão blasé do Rogério Ceni, que comemora títulos com a emoção de quem enterra um avestruz no quintal. Azar, claro, dos outros times, que chegam à ponta da tabela com a sensação de quem ganhou uma batata quente pra carregar na mão até a linha de chegada. Na ausência de talento e gana, a que todo mundo anda mergulhado, vence quem não se afoba com a chance de levar a melhor. É aí que chegou e se instalou, germanicamente, o futebol de resultados, sem correria, encanto ou empolgação. É a disciplina do pebolim - ou alguém se lembra de algum grande jogo, uma grande vitória tricolor em 2008? A linha de chegada está longe, muita pedra ainda vai rolar. A empolgação fica para primeiro plano, para a primeira rodada do ano, mas o desfecho está pré-emoldurado. Estamos no país do futebol. O país do futebol alemão. O futebol sem graça, e sem charme. Mas ruim com ele, pior sem ele. E secar também é torcer; mais uma vez, a próxima quarta-feira só acaba em dezembro. E eu mal vejo a hora de começar.
Colaborou K José Eduardo Rondon K (piada interna. chupa, humanidade!)

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